D.Pedro de Mendoza (1487-1537) |
Nosso território estava incluído na região compreendida entre os paralelos de 25º e 36º de latitude sul (vale dizer, de Cananéia ao Rio da Prata) que D. Pedro de Mendoza fora autorizado a “conquistar e povoar” pela Capitulação celebrada em 1534 entre o imperador Carlos V e ele próprio, como afirmam Westphalen, Cecília Maria e Balhana, Altiva Pilatti em “Presença Espanhola no Paraná- séculos XVI e XVII” (op cit, p. 377).
Na margem
inferior do Rio da Prata, Mendoza manda construir o forte de Santa Maria de Buenos
Aires, em 1536 (“simples aglomerado de cabanas, cobertas de palha”) 41. Juan de
Ayolas é encarregado
por ele de
comandar expedição para encontrar
um caminho ao Alto Peru. Sobe o rio Paraná e depois o Paraguai, seu afluente,
encontrando um porto natural, que é batizado de Candelária. Aí deixa Domingo
Martínez de Irala no comando de 30 homens, aguardando-o, e ruma para as “sierras
de la Plata ”
internando-se no Chaco, do qual não mais voltará (ele juntamente com outros
espanhóis e os índios que o acompanhavam caíram vítimas dos paiaguá, inimigos
dos guarani) 42. Como os meses
passassem, e não recebesse notícias dele, Mendoza manda Juan Salazar de
Espinosa em busca de Ayolas, mas ele só encontra Irala, ainda o aguardando.
Após reparos em seus dois navios num porto mais ao sul, Irala regressa para o
local anterior e continua aguardando Ayolas, enquanto Salazar desce o rio
Paraguai e perto da confluência deste com o Pilcomayo funda o forte que daria
origem à cidade de Assunção (1537). D. Pedro de Mendoza, doente, ao
retornar à Espanha designa Juan de Ayolas seu substituto no governo da região.
Com o desaparecimento deste, Irala impõe-se como seu líder pela vontade dos
habitantes (havia uma “Cédula Real” que previa a eleição popular do governador
naquelas circunstâncias), assumindo o governo em 1539 43.
Dada a hostilidade dos índios querandi 44,
Irala manda despovoar Buenos Aires, concentrando a população em Assunção, que
considerava mais estratégica e situada no limite ocidental extremo da região
dos índios guarani, seus aliados. Consolida-se assim a posição de Assunção como
sede do governo de todo aquele “Paraguay Gigante de las Indias”, tal
como consta na designação do segundo “adelantado”, D. Alvar Nuñes Cabeza de Vaca, nomeado pelo
Rei da Espanha 45 (a expressão curiosa
incorporada ao seu sobrenome devia ser para ele motivo de orgulho pois
lembrava fato heróico de um de seus
antepassados, que assinalara, com o crânio de uma vaca, uma passagem
estratégica aos exércitos dos reis de Castela, Aragon e Navarra, o que
possibilitou a vitória desses exércitos na batalha de Navas de Tolosa em 1212.
Os reis então lhe concederam “o
título de nobreza que mudaria definitivamente o nome da família”) 46
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37 “Aportes de Benjamín Velilla a
38
Vasconsellos, Victor Natalicio-- “Lecciones...”, op cit, p. 42
39 Id., ibid., p.
42
40
“Aportes de Benjamín Velilla...”- op cit, p.59 e 77.
41
Vasconsellos, Victor Natalicio-- “Lecciones...”, op cit, p. 42; Mattoso,
Antônio G.-- “Compêndio...”, op cit, p. 100
42 Vasconsellos,
Victor Natalicio-- “Lecciones...”, op cit, p. 42-45; Cabeza de Vaca-- op cit, p. 152 e nota na
p.315; Gadelha, Regina Maria A.F.-- “As missões...”, op cit, p. 74
43 Vasconsellos,
Victor Natalicio-- “Lecciones...”, op cit, p. 44; Benitez, Luis G.-- “Manual de
Historia...”, op cit, p.26
44
Gadelha inclui em sua obra citação de Ulrico Schmidl em que este afirma que os
querandi a princípio receberam bem os espanhóis, trazendo-lhes diariamente
pescado e carne. Mas depois, acrescenta a autora, “Quando se esgotaram os
mantimentos dos índios e estes se recusaram a continuar alimentando os
espanhóis, foram atacados pelos conquistadores que tencionavam torná-los seus
escravos. Porém, os querandi resistiram pelas armas, fugindo em seguida. Esta
prática de se aproximarem dos índios, consumirem seus mantimentos que compravam
ou arrebatavam pela força, procurando em seguida escravizá-los, foi regra comum
seguida pelos espanhóis.” (Gadelha, Regina Maria A.F.-- “As missões...”, op
cit, p.73)
45
“Aportes de Benjamín Velilla...”, op cit, p. 59 e 77
46
Cabeza de Vaca-- “Naufrágios & Comentários”. Tradução de Jurandir Soares
dos Santos. Prefácio de Henry Miller. Introdução por Eduardo Bueno. Porto
Alegre: L& PM, 1999- p.17-18
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